Sucot: A Festa da Alegria Máxima e a Santidade no Mundo Material
Explore o significado profundo de Sucot como “Zman Simchateinu” – o tempo da nossa alegria. Descubra por que este Chag é celebrado com tanta felicidade, e como ele representa a oportunidade de trazer a santidade de Yom Kipur para o cotidiano. Aprenda como os ensinamentos da Torá nos ensina a viver com ética e espiritualidade no mundo material, elevando cada ação como um verdadeiro ato de devoção a Hashem.
10/10/20243 min read


Estamos na véspera de Sucot, o Chag que a Torá chama de “Zman Simchateinu” – o tempo da nossa alegria, a festa da máxima alegria para Am Yisrael. Podemos nos perguntar: Por que Sucot é a festa que simboliza a alegria suprema? O que torna este Chag tão especial, que ele é considerado o auge da nossa felicidade?
Uma das explicações trazidas pelos sábios é a seguinte: à primeira vista, o ponto mais elevado no calendário hebraico parece ser Yom Kipur. É o dia em que nos dedicamos inteiramente a Hashem, jejuando, vestindo roupas brancas e abstendo-nos de todas as distrações materiais. Passamos o dia em oração intensa e reflexão, em um estado quase angelical, onde o ser humano se assemelha aos malachim, os anjos.
No entanto, os sábios nos ensinam algo muito profundo. Embora Yom Kipur seja um momento de santidade extrema, este não é o objetivo final. Hashem não deseja que sejamos como anjos. Ele já tem incontáveis legiões de malachim nos céus, servindo-O perfeitamente. O que Hashem deseja de nós aqui na Terra é que sejamos seres humanos, pessoas que vivem no mundo material e, mesmo assim, cumprem a Sua vontade. O Talmud Sanhedrin 38b menciona que o propósito do ser humano não é ser como os anjos, mas sim agir no mundo físico com ética e cumprir as mitsvot.
A verdadeira realização vem quando levamos a kedushá (santidade) de Yom Kipur para o nosso cotidiano. Após os dias intensos de Elul, Rosh Hashaná e Yom Kipur, em que nos purificamos e nos elevamos, o desafio que se apresenta é: como vamos incorporar esta santidade em nossa vida diária?
É por isso que o ápice da alegria se manifesta em Sucot. Este Chag representa o trabalho material, a construção da sucá, o uso de objetos físicos como o lulav, o etrog, as hadasim e as aravot. Trabalhamos com nossas mãos, usamos ferramentas e materiais – madeira, pregos, folhas e frutas. Tudo isso são aspectos físicos, que contrastam com o aspecto espiritual do Yom Kipur. O que Sucot nos ensina é como transformar nosso mundo físico em um veículo para servir a Hashem. Em Levítico 23:40, a Torá nos ordena a nos alegrar diante de Hashem em Sucot, e o Talmud Sucá 48a explica que esta é uma alegria única, pois se expressa através da natureza física da celebração.
Sucot é, portanto, uma celebração da santidade no mundo material. Quando levamos a espiritualidade de Yom Kipur e a traduzimos em ações cotidianas – trabalhando com ética, tratando nossa família, amigos e colegas com respeito e bondade, agindo com humildade e seguindo o caminho da Torá – nós verdadeiramente cumprimos o propósito que Hashem nos deu. Este conceito é bem expresso por Rambam em Hilchot Deot 1:7, onde ele fala sobre a importância de buscar um equilíbrio entre a vida espiritual e material.
Esta alegria completa e elevada de Sucot é ressaltada também no Midrash Tanchuma, Emor 22, que ensina que após Yom Kipur, com o perdão de nossos pecados, celebramos em Sucot com uma alegria plena, pois sentimos uma renovação e uma reconciliação com o Criador. Por isso, o Shulchan Aruch, Orach Chaim 529:1 destaca que a alegria de Sucot é superior à de qualquer outro Yom Tov, pois celebra tanto a conexão espiritual quanto as bênçãos materiais que Hashem nos concede.
Que possamos todos, neste Sucot, levar adiante as lições e a kedushá de Yom Kipur e transformá-las em ações diárias, tornando o mundo físico um espaço de santidade e elevando o cotidiano a um novo nível de conexão com Hashem.
Chag Sameach!