Luz e Sabedoria na História de Yosef

O Faraó disse a Yosef: "Eu tive um sonho, e não há ninguém que possa interpretá-lo." Gên. 41:15

Na porção semanal da Torá, Parashat Miketz, encontramos uma história de sonhos e revelações, que nos leva a refletir sobre a natureza da luz divina em tempos de escuridão. Yosef, que fora injustamente aprisionado, é chamado à presença do Faraó para interpretar sonhos perturbadores que atormentavam o líder do Egito. Com humildade e fé, Yosef declara que não é ele, mas Deus quem oferecerá a resposta ao bem-estar do Faraó. Esta atitude de atribuir a Deus, e não a si próprio, o crédito pela interpretação dos sonhos é um poderoso lembrete da presença constante do Divino em nossas vidas, mesmo quando não percebemos.

A história de Yosef se entrelaça com a celebração de Chanuká, a festa das luzes, que ocorre durante a mesma época do ano. Chanuká é um tempo em que comemoramos a vitória milagrosa dos Macabeus sobre o exército grego e o milagre subsequente do óleo que queimou por oito dias3. Assim como Yosef, que reconheceu a mão de Deus em sua sabedoria, os Macabeus viram a vitória não como um produto de sua força militar, mas como um ato da providência divina.

R' Yaakov Weinberg faz uma conexão entre a atitude de Yosef e o espírito de Chanuká, onde ambos refletem um reconhecimento profundo de que o sucesso e a redenção vêm de Deus.

Yosef, estando no exílio, continuou a observar os mandamentos, mantendo a presença divina com ele, o que é uma lição para todos nós sobre a importância de manter nossos valores e a nossa fé, mesmo quando enfrentamos desafios ou estamos fisicamente distantes de nossa terra ou cultura. O milagre de Chanuká fez o mesmo ao afastar as influências seculares dos gregos, mantendo a identidade Israelita intacta.

Ensinamentos de Chanuká e a Força do Espírito

Shabat, Rosh Chodesh e Brit Milá

A história do povo de Israel é marcada pela resistência e pela força da fé. Durante o período dos Macabeus, os gregos tentaram apagar a chama da Torá com decretos contra práticas fundamentais: o Shabat (sábado), o Rosh Chodesh (a celebração do novo mês) e o Brit Milá (circuncisão). Estes não eram meros costumes, mas pilares que sustentavam a conexão entre o povo de Israel e o Criador.

A Megillah de Antiochus relata como os gregos proibiram essas mitzvot(preceitos) com o objetivo de dissolver a identidade do povo. Mas a resposta dos Israelitas foi de firmeza e coragem: “Não anularemos o Shabat, o Rosh Chodesh, nem o sagrado Brit Milá de nossos filhos. Isso nunca será apagado para sempre!” Esta era uma época em que era exigido o sacrifício da vida pela observância dos mandamentos.

As tradições combatidas pelos gregos são as mesmas que transportam a presença de Hashem entre o povo de Israel. O Brit Milá, por exemplo, transformou Avraham em uma carruagem (merkavah) para a Shechinah, a presença Divina, que lhe apareceu logo após sua circuncisão. O Shabat é um pacto eterno entre Hashem e os filhos de Israel, um lar para o Divino neste mundo.

Ao refletir sobre a oposição grega a estas mitzvot, devemos reconhecer o valor inestimável que elas possuem e o poder que têm de trazer a presença de Hashem para o mundo físico. São ferramentas que nos conectam com algo além de nós mesmos, fortalecendo nossa espiritualidade.

Que possamos abraçar todas as diferentes ferramentas espirituais com a mesma paixão e entusiasmo que os Israelitas do passado. Que o Shabat, o Rosh Chodesh e o Brit Mila sejam mais do que rituais; que sejam encontros com o sagrado, momentos onde renovamos nossa aliança com o Eterno e reconhecemos a preciosidade de nossa herança.